quinta-feira, 15 de abril de 2010

Lucélia Santos e Maurício Machado fazem espetáculo em prol dos desabrigados Niterói


Amor, humor, verdades e mentiras se misturam no jogo cênico de “As Traças da Paixão”, em cartaz no dias 23, 24 e 25 de abril, em benefício dos desabrigados de Niterói, sexta e sábado às 21h e domingo às 20h, no Teatro Municipal de Niterói. O ingresso é um quilo de alimento não perecível.
A peça, escrita por Alcides Nogueira, dirigida por Marco Antonio Braz, com Lucélia Santos e Maurício Machado no elenco, é uma tragicomédia de sabor popular que estimula reflexões sobre sentimentos antagônicos que nos acompanham por toda a vida: o amor, o ódio, o companheirismo e a solidão. As traças da paixão que alimentam e corroem. Numa linguagem atual, bem brasileira e com boas doses de humor sarcástico, une apelo popular e citações históricas (a princesa Anastácia, herdeira dos czares russos) e teatrais (Plínio Marcos, Nelson Rodrigues, Tchekhov, Sófocles).
“É a peça mais teatral que escrevi até hoje. Um grande duelo entre os personagens Marivalda e Paco, que reproduz o jogo teatral com todos os seus arquétipos”, diz o autor Alcides Nogueira.
Facetas diferentes para os mesmos arquétipos singelos e anônimos, cômicos e poéticos, mas sempre despertando grande cumplicidade e rápida comunicação com o público. Afinal, é desses contrastes e contradições que são feitas as relações humanas. Alcides Nogueira resume: “Em As Traças da Paixão fui buscar referências no próprio fazer teatral. Na magia que podemos inventar a cada momento, usando e abusando dos mitos. O vagabundo Paco é a minha homenagem a Plínio Marcos, que contava histórias como poucos”.
A partir de uma história real, de uma mulher que se dizia ser a princesa Anastácia Romanov, o texto conjuga muito humor e poesia e se desenvolve através das relações entre dois personagens típicos do imaginário brasileiro: Marivalda, a dona de um bar de beira de estrada que se fez sozinha no mundo, e Paco, o malandro desocupado e sem rumo nem parada. Eles assumem ao longo da peça, várias nuances para os papéis com sentimentos e relações muito distintos, numa ambígua narrativa em torno de um casal, onde qualquer um pode se imaginar sendo qualquer outro.
Na opinião do diretor Marco Antonio Braz, “Alcides Nogueira no fundo está falando do amor e da morte que são temas rodriguianos. Mas a forma que o Alcides usa para expressar o tema amplia o leque através de diversas citações artísticas que vão de Nelson passando por Plínio Marcos até Tchekhov. É um jogo aparentemente simples, mas altamente sofisticado que permite a duas forças se conflitarem por sessenta minutos nas personas do masculino e feminino, sustentando ambiguidade que não nos permite afirmar se são: Anastácia Romanov, princesa russa herdeira do império e seu filho perdido, Jocasta e Édipo, Marivalda Revólver e um trambiqueiro chamado Paco ou simplesmente um homem e apenas uma mulher”. Segundo Braz, o talento do elenco foi fundamental para a montagem. “Acima de tudo ambos são excelentes artistas e profissionais o que por si só já justificaria a escolha. Mas são, sobretudo, atores versáteis do tipo que conseguem tanto acionar a chave da comédia quanto do drama. Lucélia Santos é uma atriz especialíssima que marcou a memória do público com grandes personagens, mas sempre esteve acima destes com seu carisma e personalidade que o mínimo que se pode dizer é que é forte. Nada é superficial com Lucélia”.afirma.
Maurício Machado define Paco como um trambiqueiro. “Ele é uma dessas pessoas que não tem espaço no mundo, carinho, afeto e está em busca da sua mãe”.

SERVIÇO
As traças da paixão – Teatro Municipal de Niterói
Data: 23, 24 e 25 de abril (de sexta a domingo)
Horário: sexta e sábado às 21h, domingo às 20h

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