segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Diversidade de temas na programação garantiu o sucesso da Flip 2010

Com presença representativa nos meios virtuais e o mesmo elevado público do ano anterior, a festa recebeu elogios dos autores estrangeiros participantes. Liz Calder, a mentora intelectual da criação da Flip, não teve dúvidas: “Este foi o ano mais interessante de todos, com a programação mais variada”. Disse mais: vários dos 21 convidados estrangeiros – entre os 147 autores presentes – confidenciaram-lhe tratar-se do melhor festival de literatura de que jamais participaram. “A Flip também tem um impacto crescente e considerável junto ao público e às editoras estrangeiras, promovendo a literatura brasileira no exterior”, garantiu Liz.
Em suas breves intervenções durante a entrevista coletiva de balanço da Flip 2010, Liz Calder tocou em dois pontos essenciais desta edição da festa: a diversidade e o sucesso de público e crítica. O arquiteto Mauro Munhoz, diretor-geral da Flip, revelou que entre 15 mil e 20 mil pessoas frequentaram as mesas de. Se incluídos os eventos paralelos – Flipinha, FlipZona e Casa da Cultura de Paraty – o público chegou a 45 mil pessoas. O site da Flip recebeu 47.651 acessos, com uma média de 7 mil visitantes por dia e um pico de 14.000. No Facebook, a página da Flip atingiu o máximo permitido pelo site – 5 mil “amigos” – e deixou mil em fila de espera. As receitas do evento saltaram de R$ 5,9 milhões em 2009 para os R$ 6,3 milhões deste ano. Munhoz lembrou que essa receita também cobre as diversas ações da Casa Azul visando à designação de Paraty como cidade-referência em turismo cultural junto ao Ministério do Turismo.
Flávio Moura, diretor de programação da Flip, declarou-se satisfeito com o alto nível das mesas e dos debates, inclusive da palestra de abertura sobre Gilberto Freyre, proferida pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Para Moura, FHC portou-se como um acadêmico e fez “uma conferência extremamente complexa”. O diretor de programação também apontou como ponto positivo a geração de controvérsias internas à Flip – esse foi o caso, por exemplo, das críticas do escritor Salman Rushdie ao crítico literário Terry Eagleton, em uma mesa, e a resposta do crítico ao escritor exatamente na mesa seguinte. “Isabel Allende foi um óbvio contraponto e a mesa de Ferreira Gullar foi francamente emocionante”, disse Moura, comentando o desafio de trazer “uma lenda viva dos quadrinhos”, Robert Crumb, a quem ele vinha convidando já há três anos. Interrogada por jornalistas, que insistiam em saber se os planos para 2011 incluiriam igual diversidade na programação, Liz Calder ponderou que não se trata de planejar mais ou menos variedade no evento: “Tudo depende da interação dos autores quando se encontram, de que autores serão convidados, de que livros estarão sendo lançados”.
FLIPINHA, FLIPZONA
Cristina Maseda, coordenadora da Flipinha e da FlipZona, disse que esperava dificuldades na mobilização das escolas para os eventos, já que, este ano, ocorreram em período letivo. “Para nossa surpresa, tivemos 7 mil participantes na Praça da Matriz na sexta-feira, por ocasião do evento Arte na Praça – Saberes e Fazeres de Paraty”, revelou. “Mas o mais importante foi que notamos uma substancial melhoria na qualidade da participação das escolas na Flipinha, que recebeu em média 5 mil crianças. Desta vez, houve uma diversidade na apresentação de trabalhos, já não tão concentrados no autor-tema e mais diversificados entre as obras de 21 autores convidados para a Flipinha, um indício seguro de que as crianças estão lendo mais.”
Cristina apontou 2010 como o ano de consolidação da FlipZona, com mais de 40 jovens envolvidos no projeto, que já vinham trabalhando juntos há três meses no Ponto de Cultura Casa Azul. Esses jovens produziram 32 reportagens, 15 delas em vídeo, material que foi publicado no site da FlipZona (que recebeu, em média 3.500 acessos diários). “Hoje, último dia, eles também publicaram um mosaico poético sobre o evento, de que estão muito orgulhosos”, disse. Outro ponto alto da FlipZona foi a Hora da Estrela, o franqueamento do palco para quaisquer jovens da comunidade que desejassem apresentar suas criações em teatro, cinema, vídeo, poesia ou o que fosse. “Houve 30 apresentações, envolvendo mais de 150 jovens”, concluiu Cristina. 

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