A música surgiu como estímulo inato, de antes do berço. A filosofia, uma necessidade intelectual pós-adulta. Beatles, uma paixão mundana irremediável. São elementos esses que ajudam o músico e filósofo Nando Araújo, 47 anos, a estabelecer sua mensagem diante do público.
Araújo, hoje professor de filosofia da UNAERP (Universidade de Ribeirão Preto), sentiu a musicalidade se manifestar muito cedo, quando tinha apenas 8 anos. Aprendeu piano, trompete, violão, guitarra e percussão.
Seu aprofundamento técnico resultou no CD “No Return”, gravado em 1994, e no mestrado em musicologia pelo Conservatório Brasileiro de Música, no Rio de Janeiro, concluído em 1999.
A harpa, um complemento fundamental na formação do artista, só viria depois. “Sempre foi um instrumento que quis tocar pelo timbre, pela sonoridade. Mas é de difícil acesso e aprendizado, com poucos professores”, diz Araújo, que se sentiu encantando pelo arco de cordas em 1981, ao ver o suíço Andreas Vollenweider em uma performance jazz. “A gente sempre imagina a harpa em música erudita, mas ele faz um trabalho popular.”
Apesar do alto nível de dedicação requerido, Araújo garante que se adaptou rápido à harpa – em cerca de três anos - e hoje é sua principal ferramenta de harmonização. A curiosidade e a internet ajudaram. ”Dizem que não é você que escolhe o instrumento, mas ele é quem te escolhe.”
Não era o bastante. Em meio a essa busca pela nota ideal, Araújo precisava de algo a mais para solidificar sua mensagem. Foi buscar as respostas na graduação e pós-graduação em filosofia. O conhecimento, além de levá-lo a lecionar, enriqueceu as suas apresentações musicais.
“Não entendo o show apenas como entretenimento. O objetivo é levar algumas reflexões sobre consciência ecológica e trabalho alienado. Quero que as pessoas saiam, além da ideia artística, com algum pensamento. A filosofia é justamente isso”, explica.
Revista Pense Música
Autor do livro "Quando as Musas usam Máscaras: ídolos e ideologias em música", Nando Araújo pretende retomar, em breve, a edição da revista “Pense Música”, voltada para crítica artística, lançada em 2001. “Acabou não acontecendo por questões econômicas. Quero reativar o projeto com uma amiga jornalista, mas tentando pelo PROAC (Programa de Ação Cultural)”, diz.
O harpista se ressente do pouco espaço que gêneros musicais alternativos, sobretudo os que fogem da estética comercial, têm no país e em Ribeirão Preto. “Por um lado, eu sinto que as pessoas querem coisas novas, mas são raros os espaços para novos gêneros”, critica.
Reportagem EPTV.com - Rodolfo Tiengo
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