O álbum foi gravado em Buenos Aires, Montevidéu, Los Angeles, Nova York, Tóquio e Madri. A multiplicidade de locações reflete o atrativo cosmopolita do grupo, bem como a eclética lista de convidados, que inclui o extraordinário cantor e compositor britânico Elvis Costello, a rapper espanhola Mala Rodríguez, a cantora canadense de origem portuguesa Nelly Furtado, o virtuoso bandoneonista japonês Ryota Komatsu. Além de uma série de artistas sul-americanos, cujas origens percorrem todo o arco que vai da tradição à vanguarda. Entre os uruguaios, participam desde a grande Lágrima Rios, o guitarrista Toto Méndez, o duo eletrônico Omar e o vocalista Fernando Santullo. Entre os argentinos, Gustavo Cerati e Juan Subirá.
Embora pioneiro no que se conhece em todo mundo por “tango eletrônico”, os integrantes do Bajofondo não consideram que esta definição seja a mais apropriada para sua música. Gustavo Santaolalla concebeu este projeto há cinco anos, junto com Juan Campodónico, com a idéia de reunir um coletivo de artistas argentinos e uruguaios dedicados a criar uma “música contemporânea do Rio da Prata”. O projeto, que recebeu o nome de Bajofondo Tango Club, inicialmente foi uma aliança de produtores, músicos e cantores que tomou forma no estúdio de gravação. Com o passar do tempo e das múltiplas turnês, esse grupo de artistas, com destacadas trajetórias individuais, foi convertendo-se numa autêntica banda. E as performances ao vivo causaram sensação em todo o mundo. E à medida que a música do Bajofondo cresce, evolui e se expande, a denominação “tango eletrônico” se torna cada vez mais insuficiente.
Gustavo Santaolalla explica:
- Nós não gostamos do rótulo porque não consideramos o que fazemos nem tango, nem eletrônica. Se querem fazer uma música que represente o som atual de lugares como Buenos Aires e Montevidéu – pelo menos pra nós –, obviamente gêneros como o tango, a murga (banda de músicos ambulantes), a milonga e o candombe vão estar presentes, porque fazem parte do mapa genético-musical desse lugar do mundo. Mas também fazem parte deste contexto os 40 anos de rock argentino e uruguaio, o hip-hop e a eletrônica – disse.
Se no começo as músicas eram combinações de programações e samplers com instrumentos acústicos e elétricos, o Bajofondo converteu-se numa banda onde praticamente tudo é interpretado ao vivo, com uma porcentagem mínima de seqüências e programações. Atualmente, o grupo tem oito integrantes, sendo sete músicos e uma VJ, que dispara imagens em tempo real junto com a música. Conseqüentemente, com a expansão musical do grupo, que começou a integrar também elementos do folclore latino-americano em suas apresentações, ao lançar um novo álbum, eles decidiram prescindir do “Tango Club” e abreviar seu nome para Bajofondo. A mudança na denominação, de impacto imediato, é o fiel reflexo do caminho seguido pela música do grupo.
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