quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Carboxiterapia: carta de profissional esclarece sobre morte de mulher no Rio

"Senti-me no dever de esclarecer alguns aspectos referentes à técnica da Carboxiterapia, frente aos fatos de acontecimento recente e, principalmente, por ser uma profissional que ministra cursos sobre a técnica em questão e, por isso, ter sido bastante procurada e indagada sobre tal.

A mídia agiu, ao meu ver, precipitada e equivocadamente ao afirmar que o procedimento de Carboxiterapia teria levado à morte uma senhora que estava sendo submetida ao mesmo.  O laudo cadavérico só será conhecido daqui a alguns dias, logo, qualquer afirmação antes disso será sem respaldo legal.

A Carboxiterapia é um procedimento sem riscos fortemente nocivos. É um procedimento no qual se infunde o gás carbônico no tecido subcutâneo, através de agulha 30G1/2, com o uso de aparatologia específica. O gás carbônico é um gás atóxico, não embólico, produto do nosso metabolismo, além de ser utilizado como meio de distender o abdome durante uma cirurgia videolaparoscópica (cerca de 80 litros de gás é injetado no abdome para distendê-lo), sem gerar nenhuma repercussão sistêmica.  Cabe ressaltar que durante uma sessão de Carboxiterapia não são infundidos nem 10% deste montante.

Não há registro de nenhum caso no mundo de morte por Carboxiterapia.

Asseguro que, quando realizada de forma correta, a Carboxiterapia não será capaz de levar nenhuma pessoa à morte, desde que a mesma esteja saudável.

Como com qualquer recurso utilizado por profissional sério, este deve buscar respaldo teórico e científico, bem como prática, para o domínio da técnica escolhida para seu uso profissional. É em respeito aos nossos pacientes, a sociedade e a nossa profissão que devemos buscar agir de forma idônea, seja com que recurso for, obedecendo nossos preceitos éticos e cumprindo com nossa responsabilidade profissional.

Especificamente em relação à técnica em questão, pontuo de forma direta, junto aos profissionais que buscam sua capacitação através de meus conhecimentos, a importância de alguns cuidados como a assepsia da área a ser tratada, procedência do gás, esgotamento do ar contido no equipo antes da infusão, parâmetros de velocidade do fluxo, tempo de infusão e volume total infundido.

Quanto ao ocorrido, ainda não temos dados, nem através da mídia, para podermos desvendar o que aconteceu.  Podemos enveredar por vários caminhos (erro na execução do procedimento – uso de anestésico – óxido nitroso; stress excessivo da paciente – procedimento doloroso; uso de medicação durante o tratamento – medicamento para emagrecimento; doença cardíaca prévia desconhecida; entre outros) e os mesmos seriam conclusões precipitadas da nossa parte.

A mídia também informa que o falecimento se deu por morte súbita. Para considerar-ser morte súbita se faz necessária a ausência de sinais de violência ou trauma, ou seja, é a morte que ocorre de forma inesperada, tanto em pessoas sadias como em portadores de doença.

A maioria dos casos de morte súbita acontece por doenças do coração, conhecidas ou não, pois podem ser congênitas, degenerativas, inflamatórias, infecciosas, provocadas por reflexos nervosos, tóxicas ou por excesso de atividades físicas. Destaque-se que alguns fatores podem estar associados.

Quase em sua totalidade, a morte súbita é provocada por arritmias do ciclo cardíaco. A fibrilação ventricular que costuma ser precedida de taquicardia ventricular vem em primeiro lugar. Outras arritmias responsáveis por esse tipo de morte são os bloqueios aurículo ventriculares e as paradas sinusais. Estas arritmias levam a diminuição do rendimento cardíaco, prejudicando o aporte de sangue ao cérebro, levando a perda da consciência.

Posso garantir que o procedimento, se realizado de forma adequada, possivelmente nada tem haver, de forma direta, com a morte da senhora.  Provavelmente foi uma lastimável coincidência, o que poderia ter acontecido num consultório dentário, numa mesa de bar ou até em sua casa, na sua cama.  Esperemos o laudo da necropsia para esclarecer a causa mortis. E também esperemos que a mídia divulgue com a mesma ênfase dada ao assunto.

Ao dispor para maiores esclarecimentos,

Atenciosamente,

Sandra Barbosa"

Sandra Barbosa
http://lattes.cnpq.br/0670871094286242
Coordenação da Pós-graduação em Fisioterapia Dermatofuncional das Faculdades Pestalozzi
Coordenação da Pós-graduação em Saúde da Mulher das Faculdades Pestalozzi
Docente em Fisioterapia Uroginecológica e Obstétrica e em Fisioterapia Dermatofuncional - Universidade Salgado de Oliveira
Docente em Promoção de Saúde na Mulher - Faculdades Pestalozzi
Cel.:21-9995-5317
Tel. Consultório: 2612-7312 Clínica Salute

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