SOBRE CÂNDIDA
Escrito em 1895 pelo dramaturgo irlandês Bernard Shaw, o texto ameaça colocar em cena um adultério a ser praticado por Cândida - a devotada esposa do reverendo Morell, um pastor anglicano de ideologia socialista. Cândida encanta-se pelo aristocrata Marchbanks, um jovem poeta. Ao invés de seguir os rumos esperados, porém, a peça tem um final surpreendente.
Ironia e irreverência marcam os personagens, incutindo ao enredo um tom de inteligência e alta teatralidade. Além dos três personagens que formam o triângulo amoroso central, completam a história o pai de Cândida, o capitalista insaciável Sr. Burgess; a secretária do reverendo Morell, Srta. Prosérpina, e o assistente do pastor, reverendo Lexy Mill. A natureza da fé religiosa, o embate socialismo versus capitalismo, a decadência da nobreza e a Londres da era vitoriana também estão presentes na obra.
A montagem busca, esteticamente, a limpeza e a síntese, com cenografia enxuta e funcional, figurinos sóbrios em paleta de cores reduzida, música e iluminação de natureza narrativa e cenográfica. "Há um foco altamente dirigido para o trabalho de interpretação dos atores e para a descoberta de uma linguagem cênica que 'revele' o espírito de Shaw, um autor com carpintaria teatral impecável e sofisticação de pensamento. O ator, nesse sentido, é a peça fundamental", explica Zé Henrique.
Cenário e figurinos, assinados pelo diretor, são pautados pela sobriedade: no palco, somente os elementos necessários e essencialmente simbólicos do universo da peça. Há uma predominância de cores escuras, acentuando a sisudez desse lar londrino da era vitoriana e funcionando como tela de fundo para a ação dos personagens. Nos figurinos, há uma busca por concretude e verdade, utilizando-se modelagens, tecidos e padronagens típicos do período.
A trilha original, composta pela diretora musical Fernanda Maia especificamente para a encenação, apresenta um quarteto formado por piano, violoncelo, violino e clarineta acompanhados por uma solista feminina. A música pontua as passagens de tempo dentro da peça e as entradas de cada personagem com a sonoridade correspondente às características de cada um deles. A iluminação de Fran Barros evidencia a passagem do tempo (a peça se passa em um só dia, da manhã à noite) e também cria símbolos que contribuem para a construção da narrativa.
ESPETÁCULO “CÂNDIDA” – TEATRO MUNICIPAL DE NITERÓI
Data: 24, 25 e 31 de outubro e 01 de novembro
Horário: 21h (sábados) e 19h (domingo)
Ingresso: R$ 40 (sábados) e R$ 30 (domingos)
Classificação recomendada: 14 anos
Capacidade: 400 lugares
Local: Teatro Municipal de Niterói
Endereço: Rua XV de Novembro, 35, Centro, Niterói.
Tel: 2620-1624
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